Ushuaia - 2008/09

27 de dezembro de 2008 - Cuiabá a Campo Grande (704Km): Nosso primeiro dia de viagem foi tranqüilo, era um sábado, estrada relativamente boa, com pouco trânsito (sorte). A alguns kilometros de Cuiabá parece que a "ficha caiu". Senti um frio na barriga em pensar na distância que iríamos percorrer, me lembrei do local no mapa onde se encontra Ushuaia e onde estávamos ainda. Não imaginava o que era 13.600 km em cima de uma moto, com média de 600 km andados por dia. Chegamos em Campo Grande-MS já ao final da tarde. Ficamos hospedados na casa do amigo, também motociclista, Gargamel, que nos recebeu muito bem.




28 de dezembro de 2008 - Cuiabá a Pedro Juan Caballero (Pr) - 340km: Nesse dia, como o trecho era pequeno, saímos um pouco tarde e chegamos em Ponta Porã no final da tarde. Fomos para o hotel, já no Paraguai, em Pedro Juan Caballero e seguimos para o Shopping China para comprar algumas "cositas", mas infelizmente já havia fechado, pois para um shopping fechar às 18:00h é muito cedo.


29 de dezembro de 2008 - Pedro Juan Caballlero (Pr) a Resistência (Ar) - 500km: Nesse dia saímos cedo, pois atravessaríamos o Paraguai de ponta a ponta para dormir já na Argentina. Era uma segunda-feira e fomos alertados em Pedro Juan Caballero que o trecho é muito complicado devido aos policiais paraguaios, mas ao contrário disso, fomos parados somente uma vez, policial sério, pediu a documentação e nos liberou em seguida. É a segunda vez que passo pelo Paraguai e nunca tive problema ali, jamais diria isso da polícia Boliviana. Paramos em Assunção (Pr) para trocar o óleo das motos, pois o calor estava infernal nos últimos dois dias e seguimos viagem rumo à Argentina. É chegando à Resistência (Ar) que tem um trevo que leva a dois lugares fantásticos, a direita para Deserto do Atacama e reto para Ushuaia e El Calafate, sul da Argentina. Pousamos em Resistência, cidade com bons hotéis e restaurantes.
30 de dezembro de 2008 - Resistência a Buenos Aires - 1.015km: Esse dia o trecho seria longo, seguimos rumo à capital da Argentina.



O calor estava muito forte nos primeiros kilometros, até próximo a cidade de Paraná e o trânsito estava complicado, mas logo em seguida pegamos a autopista que segue até Bueno Aires. A pista é quádrupla, asfalto perfeito onde a velocidade média gira em torno de 120km/h, mas haviam veículos que transitavam a mais de 160km/h com segurança. Nesse dia, desfazendo do quesito segurança, a jaqueta ficou a maior parte do tempo presa ao baú. O calor não dava folga nem andando a 120 ou 130 km/h. Encontramos em um posto de gasolina, algumas equipes que iriam disputar o Rally Dakar pela primeira vez na América do Sul.


Chegamos em Buenos Aires já estava escurecendo e nos dirigimos para o nosso hotel, que já havíamos feito reserva. Que loucura é andar em Buenos Aires, que lugarzinho complicado, viadutos para todo lado, várias pistas paralelas e cruzamentos a todo o momento. Que eu me lembre foi a única pista urbana que já vi com limites de velocidade mínima, 60km/h. Mas isso não tira o mérito da organização, pois de fato o trânsito flui muito rápido pra quem já o conhece. Nos hospedamos no Constituiçon Palace Hotel, na praça da estação de trem, a 10 quadras do Obelisco.
31 de dezembro de 2008 - Buenos Aires - 0km: Somente nesse dia, minha esposa e companheira, começou a fazer parte dessa viagem. Veio de avião até Buenos Aires e já chegou pronta para o Revéillon. Nesse mesmo dia saímos a tarde para andar um pouco naquela região. Encontramos vários brasileiros de moto, alguns já estavam voltando, outros seguindo viagem mas para outras estradas. Passamos o revéillon na Praça do Obelisco, junto com pessoas do mundo inteiro, algumas que seguiriam viagem para o sul da Argentina, outras para Santiago (Ch) e grande parte delas estava ali para acompanhar a primeira versão do Rally Dakar na América Do Sul.





01 de janeiro de 2009 - Buenos Aires a Cel. Pringles - 525km: No primeiro dia do ano seguimos para a segunda parte da viagem, rumo ao sul da Argentina. Senti que, de fato, a viagem começaria ali, pois até agora nada era novidade. Neste dia saímos com a intenção de andarmos até onde daria. Estrada, até então, sem atrativos, com pequenas cidades e postos de gasolina precários. Chegamos até a cidade de Cel. Pringles, bem simpática, pequenos restaurantes e muito movimentada. Aqui uma curiosidade: Os proprietários de motos semelhantes a nossa Biz, alongam a balança das motókas até o dobro do tamanho, tornando a moto bem diferente.



02 de janeiro de 2009 - Cel. Pringles a Sto. Antonio Oeste - 547,9Km: Como no dia anterior, somente estrada com algumas cidadezinhas. Em um dos postos de gasolina no meio do caminho, encontramos uns brasileiros que já estavam retornando, uma turma grande que já adiantou um pouco do que nos esperava. Eles ficaram 6 dias em Punta Arenas (Ar) sem ter como sair devido aos ventos fortes. Logo de cara eu não acreditei que o vento não permitisse que uma moto andasse normalmente. Aqui no Brasil as rajadas de vento, quando muito, fazem as motos balançarem um pouco. Meu companheiro de viagem já ficou um pouco assustado, dizendo que ia até Rio Grande de moto e de lá seguiria até Ushuaia de ônibus. Ainda bem que desistiu dessa idéia.



03 de janeiro de 2009 - Sto. Antonio Oeste a Comodoro Rivadávia - 693,3Km: Nesse trecho, a estrada começa a mostrar o que nos espera. A paisagem predominante por essa região já é desértica, longos trechos sem nada, nem cidade, nem postos de gasolina, nem pessoas, nada. Para motos com baixa autonomia é necessário gasolina de reserva, principalmente depois de Rawson. O vento já começa a mostrar sua força, por várias vezes observei a moto do Saul andando um pouco deitada, no esforço de mantê-la na pista. O vento vem em rajadas muito fortes e de surpresa, o que os torna muito perigosos, pois várias vezes me deparei na pista contrária levado pela ventania. Próximo de Comodoro Rivadávia a paisagem é muito bonita, pois a estrada neste percurso está em um planalto, que inicia sua descida já próximo da cidade.
Chegamos a Comodoro Rivadávia ainda cedo, logo fomos procurar hotel para depois conhecer a cidade. Comodoro Rivadávia é uma cidade litorânea com pequenas praias, a maior parte das margens são rochosas sem possibilidade de banho que, somada a temperatura da água, não é uma opção de lazer muito interessante.


04 de janeiro de 2009 - Comodoro Rivadávia a Rio Galllegos - 791,8Km: Saímos cedo, pois o trecho é longo. Nessa região a viagem rende bastante, pois as estradas são boas, retas intermináveis, além do vento que já era uma constante, o frio passou a ser também nosso companheiro de viagem. A dificuldade de gasolina continua, pois muitos postos, por algum motivo, estavam sem gasolina. Desde Sto. Antonio Oeste até Rio Gallegos, motos com pouca autonomia é aconselhável levar gasolina de reserva.
A paisagem desértica predomina e o vento aumenta próximo do Fim do Mundo. Nessa estrada encontramos um casal de brasileiros que estava vindo de Salvador/BA, pilotando uma Yamaha Lander 250, deve ter muita história pra contar. Chegamos a Rio Gallegos por volta das 18:00h. No sul da Argentina, o comércio fecha bem cedo, ao contrário do norte, como Jujuy onde as lojas ficam abertas até as 21:00h. No norte isso acontece devido ao calor infernal do dia, por isso o comércio abre as lojas às 16:00h; já no sul, devido ao frio, há essa alteração no horário. Em Gallegos só saímos para jantar e já fomos dormir. Cidade boa com várias opções de hotéis e restaurantes. Aqui soubemos que na Argentina não é proibido fumar nos restaurantes fechados.

05 de janeiro de 2009 - Rio Galllegos a Ushuaia - 593,6Km: Estamos a um dia de Ushuaia, a ansiedade já era grande, mas esse dia era um daqueles que não renderiam mesmo, pois teríamos que passar por duas fronteiras e cruzar o Estreito de Magalhães. Saímos de madrugada de Rio Gallegos - Rio Ga'dje'go na tradução espanhola e Rio Ga'lhe'go na tradução Castelhana -, estava muito frio e logo em seguida chegamos à fronteira com o Chile.



Pegamos uma longa fila de espera, mais um monte de carimbos, e após verificarem a documentação das motos, carteira de habilitação, passaportes, enfim, após quase quarenta minutos, tudo pronto. Seguimos viagem; já estávamos em território chileno. Nosso destino agora de manhã é o Estreito De Magalhães. O Estreito de Magalhães é uma passagem navegável de aproximadamente 600 km, sendo a maior e mais importante passagem natural entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. Chegando lá, tivemos sorte, pois a balsa já estava de saída e quando nos viram, deram uma freadinha e nos esperaram.



O Estreito de Magalhães tem suas águas agitadas, devido aos fortes ventos, a balsa é equipada com uma cafeteria e só, e não mais do que 20 minutos de viagem já estávamos do outro lado. Seguindo a viagem, não muito longe dali, ainda em território Chileno começa um trecho de rípio, terra batida de cascalho de 120km que requer cuidado nas curvas devidos às pedras soltas. Não compromete a viagem, pois passaram por ali motos custom e um casal em duas ducatis sem problemas. Uma curiosidade é a quantidade de placas que há nessas estradas, a cada mil metros tem uma placa trazendo a kilometragem para San Sebastian, chega ser irritante, pois o local é um vila minúscula com um posto de gasolina.
Novamente em asfalto seguimos até Rio Grande. Antes da cidade tem um posto policial bem chato, eles praticamente não veem os documentos do veículo, somente das pessoas, passaporte ou Registro Geral(RG) têm que estar dia. Em Rio Grande somente abastecemos e seguimos para Ushuaia. Saindo de Rio Grande o asfalto não é muito bom. É cheio de fissuras, pequenas canaletas, onde o pneu dianteiro fica todo o tempo saindo de uma canaleta e entrando em outra, fazendo com que você fique o tempo todo dançando na pista. Bastante perigoso nas curvas, mas a estrada é belíssima. São kilometros e kilometros margeando o Oceano Atlântico, com rajadas de ventos muito fortes.



Não muito longe dali, o que nos separa do nosso destino, a Cordilheira Dos Andes! Imensa cadeia de montanhas, algumas com os picos nevados, tendo sua base coberta de uma floresta bem densa e muito verde. Fantástica essa recepção, paisagem indescritível. Então entramos na cordilheira com uma fina chuva e conforme íamos subindo, o frio ia aumentando. Há poucos kilometros de Ushuaia um mundo de águas desabou em nossas cabeças. Choveu muito forte e a cada curva o perigo era eminente, precipício de um lado e paredões enormes do outro. Para essa viagem uma excelente roupa de viagem é necessário. Tem que ser impermeável e quente, pois as mudanças de temperaturas são bruscas.
De repente à nossa frente, nosso destino. Ushuaia, cidadezinha pacata, pequena, charmosa e muito aconchegante, incrustada na Cordilheira do Andes às margens de uma baía com o mesmo nome. Já fomos logo procurar um hotel, que são vários, para todos os gostos e bolsos. Logo que chegamos ficamos no primeiro hotel que achamos razoável, e foi ganhar na loteria, pois o hotel é muito bom. Sem frescuras, quarto grande com vista para a baía, de fácil acesso, limpo, silencioso, o proprietário é mais sério que bode em carroceria de caminhão, mas é gente boa. O Hotel se chama Rio Ona. Nos acomodamos e não mais que depressa já seguimos para a orla da Bahia. Cansados ainda, fomos a um restaurante e pedimos "bife de chorizo com papa frita", é um bife de contrafilé de três dedos de largura, ao ponto. A diferença da carne da Argentina é o ponto de abate do gado. No Brasil, o gado é abatido com 2 anos e meio em média, e na Argentina, com 1 ano e meio, desta forma, eles obtêm uma carne maturada de excelente qualidade.



06 de janeiro de 2009 - Ushuaia - 0km: Nesse dia saímos bem cedo. Daniele resolveu que queria ir para El Calafate de ônibus ou barco e nossa manhã foi em busca dessas opções - agora um comentário meu, Daniele: moto e rípio é uma combinação ruim demais! . Por fim, ela desistiu da compra, porque os horários do ônibus não combinavam com os horários dos passeios que faríamos em Ushuaia, e não há transporte via barco, apenas cargueiros e em dias previamente marcados. À tarde compramos o pacote para visitar a lobeira, local onde residem os lobos marinhos e no mesmo pacote também visitaríamos a pinguineira, local mais distante, uma hora de barco, para visitar uma ilha, que é uma imensa colônia de pingüim. Ao adquirirmos os pacotes, ganhamos alguns brindes da empresa de turismo e um deles era chocolate quente em uma loja de chocolates, ficamos tomando chocolate quente e comendo chocolates a tarde inteira, tanto que acabamos perdendo o passeio, porque chegamos atrasados no porto e o barco já havia partido.
Esse dia foi reservado então para conhecermos a cidade, os famosos restaurantes como a Tia Elvira, que serve a melhor Centolha de Ushuaia, inteira e fresca, as lojas de artesanato, pena que de moto não tem espaço para nada - Eu, Daniele, não posso resistir a este comentário: É quase de enlouquecer, o comércio é hiperagitado, só novidades, tudo de bom, nós, mulheres, ficamos doidhinhas para estourar o cartão de crédito, mas não há espaço para bagagens. Saul, que viajou sem garupa, me cedeu um alforje, mas é preciso mais, muito mais espaço... ai que loucura! - Nesse dia encontramos um simpático casal de São Paulo, ambos com mais de 60 anos, pelo jeito bem vividos, que foram pra Ushuaia em uma BMW 1100 RT. Foram alguns minutos ganhos de prosa em pleno centro de Ushuaia. Eles estiveram em Punta Arenas (Ar) há alguns dias atrás e nunca tinha visto tanto vento na vida. Em um momento tiveram que parar a moto na pista e ele ficou muito assustado quando viu a roda dianteira da sua BMW ser arrastada de lado pela ventania, teve que posicionar sua moto atravessada na pista, pois de lado o vento a estava levando. Impressionante! Seguimos para o hotel, encontramos o brasileiros que lá estavam, pegamos novas dicas de passeio e fomos descansar um pouco.



07 de janeiro de 2009 - Ushuaia - 0km: Nesse dia preenchemos nosso dia com os melhores roteiros ofertados por Ushuaia. Logo de manhã, através da Tolkeyen Turismo, adquirimos nossos bilhetes para o Catamarã Ushuaia Explorer, o melhor do turismo de Ushuaia. Seguimos confortávelmente pelas ilhas do Canal de Beagle, as lobeiras, a pinguineira e, de fato, o Fin del Mundo, Puerto Willian, a cidade mais austral da América do Sul, que fica na margem Chilena, e no final do passeio fomos agraciados com o passeio de uma baleia com seu filhote, isso bem de perto. Esse passeio demora 2 horas e vale cada centavo investido. Ao retornarmos em terra firme, voltamos para o hotel para irmos para o parque, pois eu estava na dúvida se ia de moto ou não, mas resolvemos ir de taxi e foi a coisa certa. O motorista do taxi era um simpático argentino... difícil heimmm...que foi explicando tudo sobre o parque e sua história, de quando ali havia uma das prisões mais temidas da época, onde os presos preferiam pular do barco em pleno oceano, do que ficar naquelas prisões. Mostrou as castoreiras, onde vivem os castores, animais importados do Canadá para ofertar carne e pele para os moradores dali, mas como o frio não é tão forte quanto ao do Canadá, esses animais afinaram a pele, tornando imprestável para o uso e como a carne não foi apreciada, o bicho virou praga naquela região. Hoje a prefeitura de Ushuaia paga 40 pesos por cada castor morto. O parque é imenso e fazer a visita sem ter alguém que o conheça pode acarretar prejuízo turístico.



É nesse parque que começa a rota 3, a maior da América, liga a Patagônia Argentina ao Alaska, no norte do continente. Ao retornar para a cidade, o taxista nos deixou, conforme combinado, no Glaciar Martial. É um local onde se pratica esqui na neve, mas esta não era a época apropriada. Esse esporte é praticado em junho nessa região. Ficamos ali até escurecer, e voltamos para Ushuaia. Nos despedimos de Ushuaia em um dos bons restaurantes, comendo um enorme Paella de carnes e lingüiças e pra quem gosta, com vinho tipo seco, que aliás, é o que produz as uvas Argentinas.
08 de janeiro de 2009 - Ushuaia - Rio Gallegos - 593,6Km: Despedimos de Ushuaia com vontade de ficar mais um pouco, carregamos as motos que até agora só nos trouxeram alegrias. A XT660 se comportou bem com a gasolina Argentina, que é uma bomba. Até Buenos Aires o preço é muito próximo dos preços aqui do Brasil, já no sul da Argentina o preço cai bastante, é onde ficam as refinarias da Petrobras e a gasolina chega a valer R$1,00 o litro.



Seguimos para Gallegos pelo mesmo roteiro da ida, com exceção de Daniele, que pegou carona de carro, na volta do trecho de rípio. - Eu, Daniele, faço um comentário. A carona de carro foi no stress, tudo de bom! Um casal muito simpático, de conversa agradável, música MPB, ar condicionado, banco traseiro só para mim, até cochilei, tudo de bom! buracos, rípio, tensão... o que é isso?! rs - . Como eu estava sozinho na moto, resolvemos nos arriscar por outra estrada. Um pouco mais longa, com menos cascalho e mais estreita, mas que permitiu mantermos velocidade média em torno de 110 km/h. Nesse dia houve a primeira dúvida do grupo quanto ao caminho a seguir. Eu queria pegar os ventos infernais de Punta Arenas, queria sentir na pele como era aquilo, pois estávamos a apenas 150km de Punta Arenas, mas meu voto foi vencido pelo Saul e pela Daniele. Viagem em grupo é isso, às vezes temos que ceder em prol da união do grupo. Chegamos a Gallegos já com o comércio fechado, então seguimos para o hotel e de lá não saímos mais nesse dia.
09 de janeiro de 2009 - Rio Gallegos a El Calafate - 319,1Km: Saímos para mais um dos destinos previamente programados para a viagem, El Calafate, região das geleiras, Perito Moreno e Parque Nacional Los Glaciares. A estrada segue o mesmo perfil, desde Comodoro Rivadávia, paisagem desértica, pouca civilização. Nesse momento percebi que o pneu traseiro já estava com sinal de desgaste, mas ainda em condições de rodar. A mesma surpresa que tivemos em Comodoro Rivadávia, tivemos a 50 km de El Calafate. Estávamos viajando em um planalto e teríamos que descer muito para chegar até nosso destino. A paisagem é fantástica, como na foto abaixo. Chegamos a El Calafate, um oásis no meio do nada, e fomos procurar um hotel. A infra-estrutura da cidade é menor que Ushuaia, mas não chega a aborrecer. Aqui também encontramos vários brasileiros em um grupo de motos esportivas. Grupos de motociclistas saíam e chegavam a todo o momento.




A moto que predomina aqui são as BMW. Moto adotada pelas empresas de turismo argentinas para pacotes turísticos na Patagônia. Nesse mesmo dia fomos conhecer o Glaciar Perito Moreno. Fica em torno de 40 km de El Calafate, estrada boa, de fácil acesso, que permite a visualização do Glaciar a alguns kilometros antes. Já no local, pode-se chegar bem perto do gelo, onde é possível escutar os estrondos causados pela rachadura no gelo, as quedas dos paredões que levantam ondas imensas. Muito Lindo. - Para mim, Daniele, é a primeira imagem que vem à mente quando penso na viagem, belíssimo! -. El Calafate, com suas lojinhas e restaurantes me lembra Arraial D´Ajuda em Porto Seguro.



10 de janeiro de 2009 - El Calafate - 0Km: Hoje fomos visitar os Glaciares Upsalas no Lago Argentino. Muitos pensam que ali é o Oceano Pacífico, mas na realidade é um lago de água doce, com mais de mil metros de profundidade. Até o porto de embarque para esse pacote é possível ir de moto e economizar uma merreca com o translado. Eu não tenho muitas palavras para descrever o que vimos, por favor, observem as fotos. - Companheira de viagem, eu, Daniele, digo a vocês, todo rípio é nada diante dessa maravilha de Deus.






11 de Janeiro de 2009 - El Calafate - Comodoro Rivadávia - 833,4Km: Nesse dia começou nossa volta para casa, sem mais novidades seguimos para Comodoro Rivadávia. Porém, próximo de Caleta Olivia tive uma demonstração do que seria Punta Arenas. Ao iniciar uma descida de uma colina bem alta, já avistei outra colina a uns 3 kilometros a frente e a estrada descia por uns 500 metros mais ou menos, depois tinha um plano, entre um colina e outra, e depois lá na frente eu já podia avistar o início da subida para a colina seguinte. Observei a poeira cruzando a estrada, só que muito rápido, pensei comigo, estou enfrentando esses ventos fortes desde a ida, esse é mais um, quem déra! Entrei na ventania a uns 120 kilometros por hora, levei uma lapada de vento da esquerda pra direita que fui jogado pra fora da pista em questão de segundo, minha única alternativa era voltar para o centro da pista, e fiz isso a todo custo, senti a moto deitar muito, mais do que o normal, mas eu não tinha outra alternativa, senti que estava perdendo a frente da moto, o pneu dianteiro deslizou levemente para a direita, eu estava a 120 km/h e ao invés de sentir o vento de frente, eu sentia ele lateralmente, passando por baixo do meu queixo. Coisa de louco mesmo. Minha sorte é que, além de estar com garupa, estava com a moto pesada, pois se estivesse leve naquele momento, teria caído com certeza.


12 de Janeiro de 2009 - Comodoro Rivadávia - Viedma - 864,8Km: O caminho foi o mesmo de volta. Comecei a procurar pneus para a moto, pois já estava começando a preocupar, mas isso eu só iria conseguir no dia seguinte mesmo, em Buenos Aires.
13 de janeiro de 2009 - Viedma - Buenos Aires - 938,1Km: Saímos bem cedo de Viedma, pois o caminho seria longo, estradas com pouco movimento até as proximidades da Capital. Chegamos tarde e pra não andar muito, ficamos no mesmo hotel, Constituiçon Palace Hotel.
14 de janeiro de 2009 - Buenos Aires - 0Km: Necessitei comprar um pneu traseiro e para minha surpresa, pneu é muito barato na Argentina. Comprei um Metzeler 140x80x17 por 180 reais. Nesse dia fizemos um City Tour. Imperdível, que cidade fantástica! Nesse passeio, contratado em qualquer empresa de turismo, de preferência uma boa, conhecemos, dentre outros lugares, o bairro La Boca, estádio do Boca Junior; a região de Porto Madeiro; o Cemitério onde está enterrada Evita Perón, enterrada não, os caixões ficam expostos dentro de Mausoléus e a noite fomos a um show de tango, que pra quem vai a Buenos Aires é obrigatório.

15 de janeiro de 2009 - Buenos Aires - Uruguaiana: esse foi um dos piores dias da viagem, em se tratando da corrupção dos policiais argentinos, na realidade, corrupta é a polícia da província de Entre Rios, que não deixa os brasileiros viajarem em paz. Te param a toda hora, inventaram que estávamos em alta velocidade, pediram "mata fuego" para moto, é uma vergonha. A primeira vez que me pararam, foi logo na entrada da província, bem na ponte, e para minha infelicidade, minha carta verde acabara de vencer, então já tive que molhar a mão do policial em 200 pesos. Logo em seguida fui parado novamente, por excesso de velocidade. Eu praticamente apelei com o policial, disse que na ponte eu já tinha pagado para o policial a propina, então ele me perguntou se tinha boleto, eu disse que não, depois me liberou. Na barreira seguinte foi a vez do Saul, ele disse que não ia pagar e simplesmente não pagou, nos liberaram, logo depois outra guardinha pedindo extintor de incêndio, logo de cara falamos que não tinha dinheiro, nos liberou em seguida. O destino seria Foz do Iguaçu mas resolvemos antecipar para Uruguaiana (Br). Que saudade de comer arroz e feijão. Na Argentina, alguns lugares têm arroz, mas feijão, nem pensar. Ficamos no River Hotel, muito bom.
16 de Janeiro de 2009 - Uruguaiana - Serra Santa Catarina: Nesse dia fomos rumo a Serra de Santa Catarina, combinamos de andar até onde desse. Seguimos pelas estradas interioranas do Rio Grande do Sul e diga-se de passagem, que região bonita essa do nosso Brasil. A 455km de Uruguaiana, chegamos em Chiapeta-RS, cidade pequena e charmosa onde passei para visitar o meu irmão Junior. Seguimos logo, pois estava em formação um temporal que pegamos na estrada, que chuva! Fiquei extasiado com a paisagem das estradas e do pedacinho de serra que pegamos, pena que estava chovendo. Logo voltarei.
17 de janeiro de 2009 - Serra Santa Catarina - Nova Alvorada do Sul-MS: Seguimos por Guaíra, aproveitamos pra entrar em Salto de Guairá, no Paraguai, para comprar algumas coisas que desse pra levar na moto e seguimos. A intenção era chegar até Campo Grande, mas o tempo não ajudou e a perda de tempo no Paraguai colaborou para isso.
18 de Janeiro de 2009 - Nova Alvorada do Sul-MS - Cuiabá-MT - 815Km: Um dia de muita chuva, praticamente a viagem toda. Campo Grande estava debaixo d’água, com ruas interditadas e foi assim até Cuiabá. Chegamos inteiros, cansados, mas realizados.
Para que essa viagem se realizasse, foi necessário muito planejamento que se iniciou em Agosto de 2008. A Internet foi uma fonte muito grande de informação.